Quem sou

Há duas paixões que me acompanham desde que me entendo por gente: explorar (os mundos internos e externos) e criar (outros mundos mais) por meio da escrita. Aos treze anos, após uma infrutífera carreira política como prefeita da minha rua, abandonei o serviço público para me dedicar à literatura. Introduzida ao ofício do conto e do romance pelo meu primeiro mestre nesta vida, o escritor Alcy Cheiuche, duas certezas começaram a se delinear: a de que a potência da imaginação seria sempre o meu alicerce, e a de que a minha vida – ou a vida que eu gostaria de ter – não seria nada convencional.

Hoje, aos trinta e três anos, arrisco-me a dizer que não estava muito enganada.

Minha primeira escolha de faculdade foi História. Após dois anos de curso, porém, percebi que a história que me interessava não começava com H maiúsculo nem era singular. Foi quando pedi transferência pra Letras. Da graduação em Letras/Inglês, ingressei no mestrado em Literaturas de Língua Inglesa, ambos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Lá, descobri o universo das literaturas nativo-americanas. O mestrado marcou um aprofundamento desse mergulho, que culminou não só em uma dissertação, mas em uma radical mudança de vida: abandonei a academia e todos os meus planos de futuro até então esboçados.

Formação

O encontro com
o Oriente

Desde a graduação, quando minha área de pesquisa ainda era a literatura inglesa, havia um assunto que me tirava o sono: o tempo. Comecei a investigar a filosofia e a história do tempo e dediquei minha monografia de conclusão de curso à análise da concepção de tempo na obra de Lewis Carroll. Cada vez mais eu percebia que a noção de tempo ocidental era não só uma construção arbitrária, mas extremamente limitada — limitante, inclusive, da nossa experiência de estar no mundo. Teria de haver outras relações temporais possíveis. Teria de haver visões mais profundas e diretas disto que chamamos de realidade.

Talvez pelo grande ruído dessas perguntas na minha cabeça, algumas vias foram se manifestando do lado de fora. Nos semestres finais da graduação, deparei-me com uma disciplina de literaturas indígenas norte-americanas que descortinou um mundo completamente novo e surpreendente. Poucos meses depois, outro encontro aconteceu, ainda mais potente que o anterior e de consequências profundas na minha vida dali em diante: encontrei o budismo tibetano e as tradições contemplativas do Oriente, e com eles uma experiência radicalmente diferente de nós mesmos e do mundo.

Desde então, tenho me dedicado a praticar e aprofundar essas visões e, tal qual tinha imaginado lá no início, minha vida se tornou bem pouco convencional. Há cerca de dois anos, venho "residindo", sobretudo, entre o norte da Índia e o Nepal, explorando as geografias externas e buscando compreender, mais e mais, a potência criativa da mente na invenção dessa coisa estranha e inusitada que designamos realidade.

Trabalho

Minha primeira experiência como professora de inglês foi aos 15 anos, quando minha então professora me convidou a ensinar, junto com ela, uma turma de um campus recém-inaugurado da Universidade Federal do Pampa, a qual havia solicitado um curso extra-curricular. Foi aterrorizante.

Cerca de quatro anos mais tarde, no segundo semestre do curso de Letras, decidi tentar novamente, desta vez mais velha e um pouco mais confiante. Fui contratada pelo Yázigi, em Porto Alegre, onde lecionei até conseguir juntar dinheiro suficiente para uma viagem à Inglaterra que há muito sonhava em fazer.

Ainda na graduação, também lecionei no NELE (Núcleo de Ensino de Línguas em Extensão) da UFRGS e, enquanto no mestrado, passei por diversos outros cursos de inglês e tive minhas primeiras experiências como professora particular. Após o mestrado, atuei como professora substituta no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC Itajaí), ensinando turmas de ensino médio e graduação.

Em 2017, tornei-me coordenadora do grupo de tradução da Revista Bodisatva e passei a me dedicar mais intensamente à tradução, sobretudo de textos clássicos e modernos budistas. Sob a orientação do meu professor, Lama Padma Samten, comecei a traduzir também livros, o que culminou recentemente na publicação de uma obra clássica do cânone budista, de quase 2000 anos: o Sutra Surangama.

Há mais de 10 anos, dedico-me ao ensino da língua inglesa e ao trabalho textual, tanto na tradução quanto na revisão. Também atuo como intérprete, realizando traduções simultâneas e consecutivas do inglês para o português e vice-versa.